“Muitas vezes, quando a realidade arranha nossa alma, o melhor a fazer é tentarmos nos entregar às ilusões. Por isso fechei os olhos, tentei imaginar como seria nossa vida quando tudo aquilo chegasse ao fim”. Canções de Ninar de Auschwitz (2016,p.56)
Pode ser que muitos desanimem de ler este texto por ser grande demais, na verdade, a ideia não era colocá-lo no blog. Outros poderão desprezá-lo, por acharem as palavras rasas e simples, pouco rebuscadas academicamente. A ideia é essa mesmo, simples e claro para que ninguém fique sem compreender que, o que se leu neste texto é exatamente o que se pretendia dizer.
A frase acima foi retirada do livro Canções de Ninar de Auschwitz, é um registro real de uma sociedade que possuía tudo para levar uma vida digna e livre, no entanto, no auge do regime nazista o povo alemão não puderam viver o seu grande sonho de serem livres e soberanos após uma terrível sujeição às nações vencedoras da primeira guerra mundial. Embriagados pelo idealismo de um partido, foram dominados por uma ideologia egocêntrica, totalitarista, cega, inconsequente e indiferente à necessidade do povo.
Incrivelmente existem aqueles que se alimentam da teoria da vingança por vingança. Certa feita ouvi o seguinte argumento: “na terra que se aplica a lei do olho por olho, um dia, todos serão cegos”(desconheço autor). Com efeito o que se pretende dizer é que o simples fato do outro pensar diferente e expor suas ideias não o torna necessariamente inimigo. A pessoa ou grupo que escolhe viver sobre essa premissa, provavelmente nunca soube o que é faltar o açúcar, ou dividir um bocado de arroz com os demais, para que todos se alimentem embora ainda permaneçam com fome, ou se esqueceram de como é ultrajante tal situação. Ainda que pareça impossível e portanto utópico, principalmente pela polarização que se vive, na guerra ou em meio a peste, o sentimento que vence uma batalha nunca foi o reino dividido. Por se tratar de uma massa coletiva, essa mesma massa não tem compromisso com sua coletividade.
A necessidade pelo poder é tão grande que já não importam as consequências e a devassidão econômica, social, psicológica, coletiva e individual que um país desorganizado acarretará ao seu povo. Pessoas assim, possuem o que chamarei para efeito deste texto de, “a distrofia do ódio ou da desilusão”, que o leva a ações altamente destrutivas. É similar a cegueira patológica em uma pessoa soberba que diante da real necessidade não aceita direcionamento para atravessar a rua, e muito menos estudar outras possibilidades, pois seu egocentrismo o deixa também surdo ao ponto de o mundo ao seu redor ter que sujeitar-se à sua exclusiva e única visão que não vê o mundo e o seu sistema da forma ideal.
De Auschwitz tiramos inúmeras lições, mas, o maior erro que um cidadão pode cometer comprometendo o bem estar de sua vida social é negligenciar, o como votar e em quem votar. Polarizou-se no mundo os ataques de uns contra os outros durante campanhas políticas. Dossiês são expostos contra a individualidade do candidato em todos os níveis. Assassinatos, muitas mentiras e pouquíssimas verdades, convencionou-se não haver ética nos debates e o que importa é vencer o seu “inimigo” – outrora adversário – não importam as armas. Este é um perfeito exemplo prático da distrofia do ódio, que de forma geracional torna-se genético, hereditário, causando fraqueza democrática que progressivamente elimina a massa muscular do sistema social.
Como esperar dos que assim procedem, serem aptos e terem como prática a ética para representar o seu povo? Como confiar que uma pessoa que diz, “não importa a forma, o que importa é tomarmos o poder”, se importe com os interesses do outro? Enfim, na verdade ele sabe e os que o escutam também deveriam saber, que nunca foi sobre nós, mas sempre e exclusivamente sobre ele. O povo, são apenas números, massa, as pessoas, a comunidade, a sociedade são fictícias e, o que importa não é o concreto mas o relativo, a ideologia forjada sobre o objeto. https://globalizado.com.br/distrofia-do-odio/#respond
Felicidades!
Wellerson Baptista
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