Introdução
Como vimos no texto sobre a filosofia cartesiana, a Psicologia tem sua influência também no racionalismo. Esta forma de ver o mundo se relaciona com a forma de pensar, viver, diante de uma constante dúvida sobre tudo, inclusive de quem é Deus, Ele existe? O próprio Descartes, tido como o pai do Racionalismo, vai procurar justamente afirmar e provar a existência de Deus. Esse período identifica o homem moderno, que agora procura chegar pela razão às verdades de valores absolutos onde com seu próprio intelecto pode se abstrair e atingir condições transcendentais do mundo a partir da pura intuição decorrido dos fatos.
Desenvolvimento
Ao longo de toda a história do conhecimento humano em si, a humanidade buscou a compreensão do mundo que o cercava. Dos estudos da origem de determinados objetos ou sistemas astrofísicos (cosmogonias) ou dos estudos das origens, da estrutura e da evolução do Universo (cosmologias) a partir da aplicação de métodos científicos gregos, chegou-se ao Cristianismo Ocidental Medieval. Nessa fase haverá 10 (dez) séculos hegemônicos da Igreja Católica, considerado como marco histórico à partir da queda do Império Romano Ocidental (476 d.c) até a queda de Constantinopla (1453 d.c), entreposto este de 10 (dez) século como já dito, em que a visão homem-mundo tornou-se teocêntrica e profundamente marcada pela religiosidade.
A teologia portanto cristã, durante este período combateu de forma geral qualquer pensamento diverso e integrou os que lhe cabiam. Após este marco considerado como o fim da idade média a sociedade começou a mudar, o mercantilismo predatório ao feudalismo, interações culturais ocorridas pelas grandes navegações, marca o início de um novo tempo social. O século XIV e XV que traziam o prelúdio de grandes mudanças não só sociais mas, hegemonia clerical. Com os horizontes se expandindo, o comércio foi fervilhando, possibilitando aos poucos o acesso a outras culturas por intermédio, também, de suas obras literárias que foram sendo traduzidas. Significa dizer que a Grécia Clássica era redescoberta e as artes se despontavam.
Nesse período, o Feudalismo se rende ao capitalismo, e a hegemonia Católica Romana se racha, é a Reforma Protestante. “A Reforma significou tanto a eliminação da dominação eclesiástica sobre a vida de modo geral, quanto a substituição de sua forma vigente por uma outra”(Weber, 2004). Verifica-se em Weber que a nova ética protestante adequa-se nesse período muito bem com o espírito do capitalismo. Pela própria natureza do Capitalismo, o mercado se expandia de forma assustadora e necessária. Era inevitável não desenvolver um espírito aventureiro e científico que possibilitasse a concretização dos sonhos e objetivos. O homem voltou a ser o centro e a medida das coisas e, era exatamente isso que o racionalismo pregava. É o início de uma crise teológica racional.
Embora o Racionalismo não seja em sua essência, a priori, a negação de Deus, com sua abordagem antropológica procura olhar o mundo com a razão, está desligado dos efeitos da fé, confia mais no ser humano e nas suas potencialidades. Não há uma negação de Deus, mas, sim, uma reafirmação ao homem. Ao decorrer de um processo histórico, a ciência assume o lugar da religião, momento em que a Teologia já sofria tantas interferências com a racionalidade filosófica dos gregos, platonização do Cristianismo e pela escolarização na escolástica de Tomás de Aquino, agora se deprecia oscilando em seu foco e na capacidade de se renovar e se firmar na revelação Divina.
Conclusão
A Teologia peca diante de uma possível não observância do seu objeto de estudo e, consequentemente, nele não ser fiel. Outro ponto é que a essência da Teologia não é interdisciplinar e sim, monodisciplinar apesar de não virar as costas para o todo. O racionalismo como modelo cartesiano não deve ser banido, no entanto, por sua limitação precisa ser complementado. Quanto à teologia, reafirma-se aqui que – não significa que não deva dialogar com outras vertentes do saber, papel que atualmente a Teologia Sistemática desenvolve adequadamente – deve manter-se disciplinar enquanto identidade teológica e eclesial, relacionando com outros pensamentos para uma melhor compreensão do todo, porém, manter-se em sua base que a coloca a serviço de Deus. Como diria Grant R. Osborne (1942 – 2018): “[…] temos mais material sobre a Bíblia e a teologia do que nunca, mais interesse em estudos bíblicos do que nunca, e ainda assim temos menos conhecimento da Bíblia e de teologia” (apud, Ferreira, 2017).
Conclui-se que, se para a Psicologia o Racionalismo é base, em relação à Teologia ele se torna dependente.
Wellerson Baptista
Blog do Well # 02