Em Nome de Deus

“Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou de Deus?” – Disse Paulo (Gl 1.10-12).  O século XXI, pouco difere dos demais desde que a igreja se viu como instituição. Tem se tornado o século de uma igreja capitalista e indiferente ao próximo, apesar do próximo.

É com notoriedade que tantas igrejas atualmente, nas redes sociais, tem buscado status não para a propagação do evangelho do Reino, embora de forma alinhada, seja esse o discurso. Preocupam-se com o número de seguidores para a obtenção de retorno financeiro, para serem a comunidade mais vista e famosa no mundo. Francamente, tudo isso se resume em uma corrida para alimentar seus próprios egos, vaidade.

No período pandêmico, de isolamento social, as redes sociais sem dúvida foram importantíssimas para que a igreja no  que se refere ao alcance de pessoas. É necessário acompanhar a evolução dos tempos. A era tecnológica que, por sua vez, traz em seu escopo um mar de mudanças digitais, sociais, econômicas e políticas, têm na igreja uma aliada potencial, assim como tudo que se pretende vender, anunciar, aparecer na atualidade, a internet deve estar presente. A instituição igreja, precisa se adaptar ao mundo, mas, não se amoldar a ele.

Diante de tais mudanças pastores e teólogos ocupam papéis fundamentais no epicentro da globalização. Não que já não tivessem, nesse contexto da revolução digital, a igreja está imersa, talvez como umas das instituições no mundo que mais se expandiu, se fez ouvir e aumentou o seu público diante da Pandemia que assolou pessoas no ano de 2020 e 2021. 

Muitos pastores utilizando-se da internet, por certo, nunca foram ouvidos tão longe. Nesse sentido, a responsabilidade pastoral teológica aumenta significativamente e, a reflexão é que tipo de teologia tem se semeado nas casas, na mente das pessoas e qual é o conceito que o evangelho de Cristo tem adquirido perante a sociedade.  Teólogos e pastores são os responsáveis por coordenar essas mudanças na igreja no mundo, a fim de que não se perca a estrutura do evangelho assim como ele é desde que Jesus nasceu, morreu, ressuscitou, foi assunto aos céus e enviou o Espírito Santo, que ousadamente fez de homens temerosos, homens intrépidos ao ponto de morrer por uma verdade.  

Que me desculpem a crítica. Olhando para os acontecimentos do presente século, devido a postura de uma considerada massa de líderes a nível de Brasil,  precisaríamos de uma nova reforma. Esse assunto cabe um debate à parte. Muitos daqueles cujo a maior responsabilidade recai, encarregados de guardar, zelar pela palavra de Deus, utilizam das prerrogativas para utilização do chamado em benefício próprio.

Sob o pretexto de que está abençoando as pessoas, no fundo são amantes de si mesmos, do dinheiro, do glamour, das altas classes sociais, são metrossexuais e utilizam seus púlpitos para angariar riquezas terrenas, belezas humanas; não são inocentes quanto a verdadeira palavra de Deus e de como ela deve ser transmitida ao povo. Pregam um evangelho fácil, próspero e terreno, ignorando o evangelho da cruz, omitem em dizer ao povo que a bíblia não é sobre nós, mas, sobre Jesus remidor.

De fato, o evangelho não traz uma mentalidade de pobreza. Traz consigo, uma mentalidade de Reino, de Céu, de amor, e tais bênçãos terrenas são consequências inevitáveis. O objetivo do evangelho que professa Jesus como Senhor e salvador, morto e ressurreto ao terceiro dia, busca não outra coisa senão a salvação da humanidade. Muitos que se dizem crentes, pastores, cantores gospel, devido ao secularismo adoram sua capacidade vocal, não acreditam na vinda de Jesus (embora com suas palavras confessam), nas ações diárias não testificam na busca de serem testemunhas de uma vida prática que crê na ressurreição dos mortos e na vida eterna; destoam da esperança da glória.

O evangelho dos primeiros séculos tinha seus sincretismos, suas heresias, como ovelhas no pasto tendiam a sujar suas lãs. A igreja da idade média era uma miscelânea em seus dogmas, mas defendia a fé na espada. A igreja do século XXI é a mais perigosa de todos os tempos, à medida que, num melhor exame, apresenta um evangelho onde o homem é o centro de tudo e Deus parece que está disposto a dar carro, casa, comida, roupas de grife, e, a vida parece eterna na terra. As bênçãos são medidas pelos bens materiais que conquistam,  para esses, seus bens são sinais que os tornam viciados em campanhas e na oração “do dar”. Mais interesseiros do que gratos. Afinal se Deus não der, duvidam da sua própria existência. 

Um crente abençoado  produz um estilo de vida que Jesus jamais teve. Tudo bem, os tempos mudaram, a era digital está aí, para quê entrar em Jerusalém montado num burro se posso entrar em uma Land Rover – podem pensar! Para muitos, o negócio é “reinar em  vida” –  “Tolo! Esta mesma noite arrebatarei a tua alma. E todos os bens que tens entesourado para quem ficarão?” Mt 12.20.

O verdadeiro evangelho remete a Jesus Cristo, aos primeiros irmãos. Perdê-los de vista e ignorar a história, é perder as bases, os valores, a identidade. Pouco há de genuíno na palavra que se prega na maioria dos templos cristãos atualmente. Pouco se vê, no século presente, de uma retórica cujo argumento não seja de um evangelho próprio sobre “mim”, sobre o ser humano na centralidade. Maquiaram a verdadeira mensagem e enganam usando Jesus como um amuleto. 

Não se trata de excluir pessoas, expor a igreja ou seus líderes, se trata de um sistema que cega o entendimento de muitos, que os esterilizam por aquilo que os olhos veem e os levam a crises existenciais profundas, ansiedades e depressões. Crentes nominais, superficiais, mais amantes de si mesmos, incapazes de abrir mão do que tem e seguí-lo. Embriagados com as riquezas e envolvidos com o pecado se aterrorizam com a vinda de Jesus e possuem a capacidade de orar para que Jesus retarde a sua vinda. O brilho deste mundo, cegou o entendimento de um povo e os conduz por caminhos que não os deixarão entrar na terra prometida. Pois o coração está no que é perecível, esse é o seu tesouro.  Não tem lâmpada para os pés, não produz luz para o caminho. 

É tempo de se guardar a boa Teologias, zelar pela verdade do evangelho, ainda que visivelmente ocorra perda de membresia, ainda que os processem, cuspam em seus rostos – nós no Brasil e assim como ao longo do texto, agora também corto em minha carne – não sabemos o que é padecer, sofrer, ser perseguido por Cristo – no entanto de uma coisa sei: o evangelho da salvação não é bonito, mas ele é eficaz para tudo que ao final o homem precisa – salvação.  

Não importa o que dizem a fim de denegrir a palavra de Deus, ela é a verdade e sempre será a verdade. Para a igreja de Cristo, é  normal ser odiada, pois é mister se opor ao pensamento moldado pelo mundo secularizado. Muitos alegam que o tempo do século XXI é um tempo “do discurso, do debate, do racionalismo, da liberdade de expressão e livre pensamento”; o tempo da graça. Pois bem, no tempo do livre pensar é que devemos entender que a verdade do evangelho de Cristo está na fé bíblica assim como a palavra de Deus à apresenta e, deve ser exposta ousadamente. 

Pode ser que o tempo em que estamos vivendo seja o verdadeiro período das trevas. Talvez na história, com tanta informação nunca se soube tão pouco; com tanta longevidade, nunca se viveu tão pouco; nunca se enxergou tão pouco. Cuidemos para que achando que estamos vivos, descobriremos mortos e, achando que estamos limpos, nos deparamos sujos. Como sepulcro caiado, limpo por fora e podres por dentro . Agradar homens, nunca foi o papel da igreja.

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