ABANDONO DA FÉ

Paulo em sua carta aos Gálatas, afirma que independente de quem seja, “não importa quem pregue e ainda que seja um anjo, se pregar um evangelho diferente daquele que foi ensinado, “que seja amaldiçoado”, (“seja excluído”). O evangelho não é para amadores. No caminho da cruz existem tantas distrações, tantas vontades próprias, existem achismos que nos fazem acreditar que certas posturas praticadas fora da igreja podem ser absorvidas pelos crentes em Jesus Cristo, afinal, muitos podem confundir o fato da igreja estar no mundo, e o ser do mundo. Quanto à primeira frase, é verdadeira, a igreja está no mundo, porém, apesar disso, a segunda não é verdade, a igreja não é do mundo.

O secularismo introjetado

Paulo está chamando os Gálatas exatamente a ter uma mente cristã, uma mente que não seja secularizada, eminentemente infiltrada na igreja por meio dos sofismas apresentados por frases como: “não tem nada haver; não é bem assim; a igreja é radical demais; as pessoas precisam ser amadas; a igreja precisa se importar com o mundo”. Frases como estas suavizam as palavras, levando a acreditar que o secularismo, o pecado do chamado “venha como estás”, encontre morada permanente no meio do povo de Deus.

Para que tais frases não tenham conotação ao ponto de serem nocivas à igreja, é necessário saber o que é a igreja -corpo de um outro reino.  A primeira coisa a se identificar é que a igreja existe sobre uma palavra, apenas uma palavra, pregada pelo evangelho de uma pessoa – Jesus Cristo. A palavra do Cristianismo é personalíssima; qualquer outra coisa não é o evangelho cristão.

Sincretismo

Já observou que tudo aquilo que é modelo, padrão, que funciona, que produz status saudável e traz proeminência, causa ciúme, inveja, desperta pessoas de outros nichos e culturas que querem fazer parte daquilo, ou destruí-lo? Pois bem, o problema do secularismo na igreja está exatamente nesses pontos.

Pessoas de outras culturas, outras práticas religiosas e costumes, atraídas pela verdade e o poder que a solidez do evangelho proporciona, chegam até a igreja. Não há problema algum essas pessoas virem a igreja, na verdade são para elas mesmo. A igreja é composta por ex-gentios, hoje povo de Deus, filhos amados, pecadores se entregando nas mãos de um Deus puro e Santo, Santo, Santo. A questão é que essas pessoas chegam com suas mazelas e com elas, as práticas de uma vida inteira, algumas dificilmente cedem ou se amoldam ao princípio impregnado no evangelho que também, por séculos, é o que é.

Tais recém chegados, pela dureza daquilo que já foi consolidado, quer agora que um evangelho milenar, firmado numa palavra verdadeira, relativize para sua melhor adaptação ao meio. O maior problema pelo qual o evangelho de Cristo se esfriou em muitos países e tantos outros que já se consideram pós cristãos, é a porta do sincretismo que tem em sua consequência o secularismo, onde tudo é relativizado. É em situações como esta debruçado sobre a real essência da igreja cristã, que uma frase de Sertillanges, me faz todo sentido, onde penso que, o contato da igreja com o mundo deveria ser como “os dos anjos, que toca e não é tocado, a menos que o queira; que dá e que nada perde, já que pertence a um outro mundo”. Paulo diz: ”Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo” (GL 1.10-12).

Não é possível agradar a dois senhores (Mt 6:24).

Em muitos templos Cristãos protestantes, atualmente o evangelho pregado insiste em agradar dois senhores. Querem agradar a Deus e/ou, assim dizem; porém, não abrem mão de agradar excessivamente homens, procurando dar um jeitinho para que todos se encaixem no evangelho de Jesus e não percebem que o evangelho por sua própria natureza, faz um convite a todos, na verdade, a expectativa do evangelho Cristão é que todos se amoldem a ele, pois ele mesmo não pode se amoldar devido ao fato de ser aquilo que simplesmente é.

O evangelho de Jesus é a própria palavra de Deus que pela sua infinita onisciência é imutável, ou o sujeito se adapta a ele ou, procura outra coisa para seguir e ser “feliz”. O que o evangelho da Cruz é, e aquilo que eu quero que seja, nitidamente existe um contra senso. Quando se tratar de alguém que deva mudar, este, não será o evangelho. Esse é o ponto ao qual muitos adquirem uma certa aversão ao evangelho de Cristo. Estão acostumados a terem seus prazeres realizados, são seres egocêntricos achando-se o centro do seu pensamento o mais adequado e, portanto, acreditam que precisam ser respeitados. O conceito de respeito aqui não se aplica, a partir do momento que o eu se torna desrespeitoso. Não se chega na casa dos outros impondo regras, antes, se cumpre os costumes, as regras da casa, ou, não vá.

Por isso tantas religiões, tantas discórdias, tantas perseguições ao Cristianismo. Esses que assim procedem não conseguem trabalhar com o desprestígio, com o dissabor e sobretudo com a verdade escancarada. Diante de seus auto-exames fogem pela falta de robustez para encarar o novo, que é velho – não no sentido de arcaico, mas, no sentido de que já existia, sendo assim muito antes daquele que se opõem; então, perseguem os que assim proclamam a bíblia como princípio de regra e fé.

Relativizar, negociar com o mundo é um tiro no pé do verdadeiro evangelho. Perder a matriz cristã de vista é caminhar pelo achismo. Por mais que gostaríamos de relativizar para que todos pudessem se adaptar ao seu modo o evangelho, isso é impossível. Deus, só fez um caminho. Um caminho que proporciona, enquanto aqui na terra, uma vida melhor, o que não significa tranquilidade. Pois a aflição também está prometida ao povo de Deus, a questão é: “tende bom ânimo”. Apesar da dor, do sofrimento, este é o mais seguro caminho, o único caminho que nos levará a Deus.

Aprovação de Deus ou dos homens?

Muitos, mas muitos pregadores não conseguem mais se ver sem aquele ou aquela irmã, família dizimista na igreja. Não é um julgamento. Acontece que no século XXI, muito se tem falado da interação com as redes sociais. As intenções são das mais diversificadas, não nos cabe aqui julgá-las porque aquele que sonda os corações é quem sabe a intenção do espírito. Acontece que, em alguns e não muito poucos casos, sob a alegação que as pessoas nos mais longínquos rincões ouvirão, verão, terão acesso à palavra de Deus por meio dos aplicativos nos celulares, e da internet. Louvável e verdade.

Existem aqueles cujo seus interesses estão acima da pregação da palavra, buscando fama, seguidores nas redes sociais para louvor de si mesmos, são influencers, artistas gospel. Muitos, a imagem mostrada nas redes sociais não revelam seu caráter e vida com Deus quando longe dos holofotes. Lembremos que Jesus é o centro, a sua palavra é de salvação e de Reino e não de prosperidade, essa última é apenas uma consequência. Qualquer evangelho fora disso é anátema; em outras palavras, digo que, todas as demais formas de observação da bíblia na pregação, são fragmentos de um evangelho do qual é impossível identificar sua autenticidade.

É verdade, é preciso acompanhar a evolução dos tempos, a tecnologia e ao mar de mudanças digitais, sociais, econômicas, políticas, judiciais, a instituição igreja precisa se adaptar. Exemplo: Construção dos templos, maior alcance por meio de redes sociais, líderes bem formados academicamente, e tantas outras adaptações que são extremamente necessárias. Não nos opomos, acontece que, de maneira alguma, a evolução dos tempos deve influenciar no intuito de ruir a sã doutrina do evangelho de Cristo.

Mordomia com o Evangelho

Diante dessas mudanças, os pastores são auto responsáveis pela preservação do evangelho, imputados pela bíblia, portanto, por Deus. Nesse sentido, que desculpem a crítica, olhando para os acontecimentos do presente século, devido a postura de uma considerada massa de líderes, a nível de Brasil, precisaríamos de uma “nova reforma”. Muitos cuja maior responsabilidade recairia sobre seus ombros, encarregados de guardar, zelar pela palavra de Deus, evocam suas prerrogativas para utilizar-se em seus próprios benefícios alegando estarem abençoando as pessoas. Ocorre que,  no fundo, são amantes de si mesmos, do dinheiro, do glamour, das altas classes sociais, são metrossexuais e utilizam seus púlpitos para angariar riquezas terrenas, belezas humanas e ousadamente fingem desconhecer partes das escrituras ao pregar um evangelho fácil, próspero e terreno, ignorando o evangelho da cruz.

Por fim, concluo que, obviamente, o evangelho não traz uma mentalidade de pobreza. Traz consigo, uma mentalidade de Reino do Céu, de um povo diferente, separado e, em razão disso, tais bênçãos os acompanharão. O evangelho que professa Jesus como Senhor e salvador, morto e ressurreto ao terceiro dia, busca não outra coisa senão sobretudo a salvação da humanidade para uma vida eterna por meio de Jesus Cristo. Esse é o caminho.

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