Teologia de um modo geral e, mais especificamente a teologia sistemática é um assunto caro a esse blog. Portanto há nos textos relacionados que aqui se encontram, a busca de um despertamento para a importância dessa matéria no meio dos cristãos. Ao pesquisar neste blog, perceberá um texto onde é melhor explanado acerca da Teologia Sistemática (T.S) – https://bloggabineteteologico.com/2022/01/18/teologia-sistematica-conhecendo-a-historia/
A Teologia Sistemática, tem em seu processo natural um aspecto organizador, ou seja, ela possui a tarefa de sintetizadora a fim de organizar todo o escopo doutrinário. Os diversos temas encontrados nas Escrituras são desenvolvidos e organizados a ponto de serem compreendidos e formarem o núcleo de crenças e doutrinas cristãs.
Dito isso, ela se apresenta como o centro metodológico analisando a evolução de cada doutrina de forma correlacionada com o contexto histórico das escrituras. A partir de então compila as informações para realizar a sintetização do ensino encontrado em todas as passagens bíblicas, sempre focado num assunto especificado.
Pela natureza do próprio nome, esta sistematização revela a clareza dos textos com objetividade organizada cuidadosamente por tópicos. É desta forma que a Teologia Sistemática se propõe a estudar os principais temas, caros à fé cristã, como: A Doutrina da Palavra de Deus, a Doutrina de Deus, a Doutrina de Cristo, a Doutrina do homem, a Doutrina da Salvação, a Doutrina do Espírito Santo e a Doutrina da Igreja, essas são as mais comuns.
É importante frisar que como Millard Erickson afirma, “outras disciplinas de pesquisa e conhecimento estudam essas dimensões do Cristianismo, mas compete à teologia cristã a tarefa central de analisar, interpretar e organizar os ensinamentos daquele que dá nome à essa religião”. Sendo a Teologia essa disciplina que dá nome e responsável pela mensuração da palavra de Deus, a Teologia torna-se sistemática para dialogar-se em todos os campos de conhecimento que proponha a veracidade dos fatos, para isso, significa dizer que a Teologia Sistemática se baseia em toda a bíblia. Em vez de se valer de textos isolados, ela procura relacionar variados textos para unir os diversos ensinamentos num todo harmonioso e coerente.
A contribuição da Teologia Sistemática para a Igreja
Não compreendo muito bem quando um líder diz não gostar da teologia sistemática, aceito quando diz não se acertar, não concordar com um teólogo x ou y, mas a disciplina em si, não vejo como desassociá-la de qualquer estudo bíblico, afinal, a teologia sistemática não é sobre Grudem, Erickson, Tillich, Strong, Hodge, etc e etc. A teologia sistemática é sobre a bíblia, a palavra de Deus e os seus campos dialéticos.
Nessa seara é que o Teólogo sistemático vai pensar nos textos bíblicos mais complexos, observando alguns preceitos étnicos, temporais, sociais e morais e éticos. Por exemplo, uma das perguntas básicas e caras à teologia sistemática é responder a aquele que questiona, quem é a Pessoa de Deus ou a Pessoa de Cristo ou o que é o Espírito Santo. O tempo todo cientistas nos quatro cantos do mundo se debruçam sobre temáticas como estas mencionadas, e, claro, de formas sistematizadas, com um certo ar de evidenciadas, portanto, alega cientificidade. Obviamente, o teólogo sistemático é um teólogo bíblico, mas não necessariamente o teólogo bíblico é sistemático.
A Teologia é o berço onde todo o estudioso da palavra de Deus, sob o viés de responder à sociedade à razão da nossa fé, irá se aconchegar. Seja na Soteriologia, Hamartiologia, Pneumatologia, etc, a partir do momento que ele quiser perceber toda a influência bíblica, nos tempos ou na vida social, fará uso da teologia sistemática para ampliar a teologia bíblica propriamente dita. Lógico, a teologia bíblica é suficiente, dado ao fato de que sua sistematização não a faz deixar de ser o que sempre será.
Um aspecto a ser observado ainda, é a importância da Teologia Sistemática para a Escola Bíblica dominical-EBD. Sim, a teologia sistemática está muito além do campo acadêmico, na verdade, ela vale-se do campo acadêmico para contribuir, também, à igreja no preparo dos crentes.
Atualmente no século XXI, os jovens são bombardeados por pautas contrárias à palavra de Deus e, como vivem no mundo não sendo dele, trazem suas dúvidas, suas ansiedades para o seio da congregação, esperando respostas que os convençam no fortalecimento de lutar contra o sistema perverso. Nesse sentido, o caminho é ensinar a bíblia, sim, usando os equipamentos tecnológicos que as condições permitem, abordando temas bíblicos, mas, que não se isenta do debate para apontar o caminho diante da realidade do mundo.
Devemos ocupar nossas igrejas com as escolas bíblicas, o verdadeiro cristão não se exime de estudar, cabe entendermos a linguagem e fugir dos ensinos tradicionais e arcaicos. Afinal, por mais crente que hoje uma pessoa seja, ela está tão acelerada quanto o tempo que ela vive e, monotonia, notícias requentadas, ignorância acadêmica, tecnológica e outras já não se encaixa no ser humano do século XXI; a frase é assim porque é assim que tem ser já não é resposta. O perfil do ser homem ou do ser mulher já é totalmente diferente dos pais da fé, seja do primeiro século ou do século XX, o ritmo é outro, estamos em meio a uma geração chamada Y e Z.
Ainda, é importante que o ensino passe pelo olhar também de estudiosos da palavra de Deus e faça com que o crente tenha uma visão ampla do todo e capacitado para usar a bíblia como arma dentro da filosofia, história, sociologia, psicologia, etc; sem contudo perder sua identidade de teólogo cristão bíblico. Portanto o teólogo é um crente em Jesus Cristo como requisito indispensável, e, apesar de não necessária, mas pertinente, que este seja capacitado, também, academicamente. É nesse sentido que vemos a pertinência do posicionamento de Karl Barth quando afirma que a revelação de Deus é tal que não exclui a ação do homem, mas o inscreve no serviço, dsta forma o entendimento humano assume uma existência com papel próprio.
Por fim, utilizamos as palavras de Barth: “A teologia é necessária, porque ela nunca pode ser considerada como ponto pacífico a fim de que os homens chamados para servir a igreja, ofereçam verdadeiro serviço e, então, a prova crítica é constantemente demandada.
O trabalho da teologia é, assim, completamente relacionado à tarefa da igreja, a qual é a mesma de todo cristão. Se podemos chamar teologia como ciência, depende do que entendemos por ciência. Se não queremos fazer uma visão de mundo sistemática, mas objetivamente estrita e metódica, então teologia também deve ser, ainda que não exclusivamente, pleiteada em termos científicos. Nesse contexto, dentro da cientificidade ou não, o que o teólogo sistemático nunca deve-se perder é a sua referência na espiritualidade bíblica.
Referências:
Teologia Sistemática. Erickson, Millard J. Ed. Vida Nova, 2015.
Dogmática Eclesiástica. Barth, Karl. Ed. Fonte editorial, 2017.