Reflexão do processo evolutivo
As organizações, desde que se tem registro da existência humana, o trabalho e, consequentemente a Psicologia Organizacional, passa por constantes mudanças.
O advento da Revolução Industrial, século XIX, foi o precursor para as mais significativas mudanças no mundo do trabalho. Tais mudanças podem ser consideradas rápidas e radicais, uma vez que a expansão industrial começa perceber a necessidade de uma organização mais padronizada nas relações de trabalho. É a partir de então que se destaca a Psicologia industrial. As empresas começaram a investir no estudo do comportamento de pessoas e perceber a necessidade de otimizar as experiências e demandas internas com o viés no capital humano. Fatores esses que revelariam a real motivação dos profissionais para desempenharem melhor o seu trabalho, de igual modo, suas reações psíquicas e laborais. É a partir desse momento até os dias atuais que as mudanças no mundo do trabalho são cada vez mais rápidas e radicais.
A Psicologia, consolidada como ciência e profissão, nesse campo especificamente falando, passa a ser reconhecida como Psicologia Organizacional e do Trabalho, evoluindo em consonância com as demandas que emergem, à medida que cumpre o objetivo se aperfeiçoando de forma sistêmica, gerando benefício à própria instituição.
O que é a Psicologia Organizacional
A psicologia organizacional e do trabalho é definida como uma divisão aplicada na psicologia, preocupada com o estudo do comportamento humano relacionado com trabalho, as organizações e a produtividade (Cascio, 2001.) Os psicólogos organizacionais e do trabalho estão envolvidos na pesquisa sobre os funcionários e na aplicação dos princípios de psicologia dessa pesquisa ao ambiente de trabalho para ajudar a otimizar o sucesso de uma organização (Schultz e Schultz, 2014).
O psicólogo dentro das empresas tem como função auxiliar as pessoas a utilizar métodos mais adequados para realizar suas tarefas, alinhadas a sua saúde mental, proporcionando seu bem estar e contribuindo as organizações a minimizar os custos e maximizar a produtividade. A psicologia organizacional está interligada diretamente em todos os setores da empresa, tendo a possibilidade de atuar na:
- Seleção, Planejamento de Cargos,
- Movimentação de Pessoal,
- Remuneração e Benefícios,
- Controle de RH (indicadores) e Planejamento de RH,
- Qualificação/Desenvolvimento, envolvendo: Treinamento, Avaliação de Desempenho, Estágios/Formação/ Desenvolvimento de Carreira/Planos de Sucessão, Desenvolvimento Gerencial, Desenvolvimento de Equipes, Comportamento Organizacional.
Inclui-se ainda:
Desempenho/Produtividade,
Grupos e Liderança, Motivação/Satisfação/Comprometimento,
Conflito/Poder, Cultura Organizacional,
Condições/Higiene do Trabalho, onde estão inseridas a Segurança que engloba a Prevenção de Acidentes, Ergonomia, Saúde/Manejo de Stress.
Saúde Mental e Trabalho
A saúde mental está relacionada a um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.
Segundo a OMS, as situações de competições são as principais causas de estresse associado ao trabalho. Estatísticas apontam que uma a cada cinco pessoas no trabalho podem sofrer de algum problema de saúde mental. Esses problemas vão impactar diretamente no ambiente de trabalho, causando perda de proatividade e faltas ao trabalho, entre outros.
O sofrimento vivenciado pelos trabalhadores em função da organização de trabalho, designada pela divisão do trabalho, os conteúdos das tarefas a serem desenvolvidas, o sistema hierárquico, as relações de poder e comando, os objetivos e metas da organização, além de outros aspectos, podem ter repercussões sobre a saúde dos trabalhadores.
Segundo Dejours (2000, p. 120), a organização do trabalho é “indubitavelmente, a causa de certas descompensações no quadro clínico do trabalhador”. O autor ressalta que o aumento do ritmo de trabalho gera, especialmente nas mulheres, crise de choro, dos nervos e desmaios; nos homens, por outro lado, as compensações comportamentais ocorrem por vias mais agressivas.
Dejours (2007, p.35) considera que o sofrimento não se faz acompanhar de descompensação psicopatológica, é porque contra ele o sujeito emprega defesas que lhe permite controlá-lo. Tais estratégias são utilizadas então como controle do sofrimento visando a manutenção da saúde. As estratégias de defesa funcionam como uma proteção à saúde mental contra efeitos negativos, riscos, perigos, deletérios, além de aumentar a resistência, tornando o trabalho mais tolerável.
Psicologia Organizacional na saúde mental do trabalhador
O Psicólogo organizacional se dedica a manter os empregados saudáveis, a fim de que desfrutem de qualidade de vida durante a rotina profissional. Isso inclui o monitoramento, a projeção e adaptação dos postos de trabalho ao perfil e tarefas das pessoas, para que se tornem ergonômicos. Assim a psicologia organizacional é importante para zelar pela saúde mental dos colaboradores de uma empresa, reduzindo a ocorrência de burnout e as taxas de rotatividade nos cargos, melhorando a seleção, entre outros benefícios.
A profissão do Psicólogo tem sido objeto frequente de reflexão, discussão e estudos por parte dos profissionais que a exercem. É necessário frisar que o Psicólogo organizacional precisa compreender os determinantes histórico-sociais que moldaram o perfil de interesse organizacional, como também questionar as prática desenvolvidas em relação ao prestador de seu serviço , na perspectiva de construção de um modelo de atuação mais condizente com o potencial de conhecimentos a se gerar mediante a realidade em que ela se insere.
A atividade do psicólogo numa organização, não se deve somente ao focar na saúde mental do colaborador, para além disso, existem diversas funções as quais o psicólogo organizacional pode e deve atuar, como: seleção de pessoal, seja para fazer parte integrante da empresa, seja para um direcionamento mais assertivo às expectativas dos diversos setores, etc. Porém o psicólogo organizacional tem um papel fundamental na promoção da saúde mental do trabalhador nas organizações, sendo uma ponte de comunicação entre os interesses de “patrões e empregados”, tendo um papel importante de acompanhar as pessoas em seu local de trabalho, pois é aí que as dificuldades, angústias, frustrações, desentendimentos e os conflitos são percebidos.
Portanto entende-se que em um mundo globalizado, as organizações que não investem na qualidade de vida de seus colaboradores, não “sobrevivem”. O bem estar dos colaboradores produz mais qualidade nos trabalhos desenvolvidos. Podemos dizer que a qualidade de vida do trabalhador perpassa ao desenvolvimento organizacional, voltada para aspectos de satisfação em sua ocupação e valorização do trabalho.
Referências:
Cintra, Josiane Costa. Psicologia Organizacional e do Trabalho I. Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
Silva, Claysiane Lopes; Rezende, Augusto Cezar Romero de. A Psicologia Organizacional na Atuação da Saúde Mental e a Relação com o Desenvolvimento Organizacional, 2016.
Saúde do Trabalhador: Saberes e fazeres possíveis da psicologia do trabalho e das organizações. Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais, 2016. Carreira e negócios (2021).
O psicólogo nas organizações, Rh portal. https://www.rhportal.com.br/categoria-artigo/carreira-e-negcios/. Acesso em 10/11/2022. 14h50min.